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Jornal de Hontem junho 2015

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CARESTIA E CUSTO DE VIDA EM CUIABÁ

MORAES, Angelo Carlos Carlini de

 

Um dos aspectos mais interessantes da História é que os fenômenos históricos guardam o caráter da singularidade entre si, os eventos nunca se repetem; cada momento histórico é único, posto que assinala atores sociais diferentes em ação sob múltiplas possibilidades e conjunturas. Através do registro histórico de um determinado acontecimento, porém, podemos verificar a recorrência de determinadas situações – o historiador e os pesquisadores em geral podem fazer uma espécie de “analogia histórica”. Esse exercício intelectual - que não deixa de ser um método – pode ser eficaz no sentido de instrumentalizá-los quanto às possibilidades de “leituras de mundo”, auxiliá-los na identificação das diferenças e similitudes ente o “ontem” e o “hoje” sob a égide dos estudos históricos. A análise da realidade de uma época através de seus documentos e registros nos mais variados suportes serve como bússola ao entendimento de nosso momento histórico atual, no ano de 2015 do século XXI.

A edição eletrônica deste mês do Jornal de “Hontem” traz matérias de jornais pertencentes à hemeroteca do APMT que refletem o clima de preocupação da população quanto aos aumentos de preços de gêneros alimentícios que encareciam o custo de vida à época. Fazendo-se um paralelo com o atual momento de insatisfação generalizada em relação ao aumento do custo de vida e dos preços em diversos segmentos da economia, nota-se que o descontentamento em relação à mesma não é um fato novo; aliás, a economia em particular é um excelente parâmetro de observação para se compreender o “espírito da época” – parafraseando a terminologia do “zeitgeist” alemão.

O periódico Correio da Semana com data de 30 de Junho de 1938 destaca em nota que “Comer carne atualmente é para os ricos e os que estão bem empregados.”; o jornal O Ferrão de 21 de Junho de 1929 faz alusão ao “preço bárbaro” do litro do leite e chega até mesmo a afirmar que o produto que os cuiabanos estão consumindo é “batizado”: “Por que o leite em quasi todo o sul de nosso Estado é vendido por $600 o litro e aliás leite puro, entretanto aqui o leite “baptisado” é vendido ao preço de 3$000 o litro”.

O mesmo periódico, em outra oportunidade, 30 de Junho de 1929, enseja uma interessante discussão sobre a falta de braços para a agricultura. Atribui-se à introdução dos veículos automotores nos centros urbanos a falta de mão de obra nas propriedades rurais bem como o aumento de preços dos produtos oriundos do campo: “Os gêneros alimentícios alcançaram nestes últimos mezes um preço elevadíssimo devido á falta de braços para a lavoura. Essa falta se observa agora devido ao abandono da nossa agricultura por parte dos plantadores que as deixam e correm pressurosos para os centros com o objecto de obterem carta de chauffer, alcançando nisso um viver de menor esforço ...”.

Passados quase 100 anos, muitas questões correlacionadas a estes três exemplos permanecem atuais. Os preços dos alimentos estão a subir, o custo de vida avança de maneira significativa e há dificuldades em fixar e estimular a permanência do trabalhador no campo.  

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