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jornal de hontem setembro 2017

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O PRIMEIRO TRECHO DA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA 

Prof. Me. Angelo Moraes

A Rodovia Transamazônica é tida como um dos símbolos mais representativos da ditadura civil-militar (1964-1985) no Brasil. Um mega projeto elaborado para conectar os extremos do país no sentido Leste/Oeste, a Transamazônica fez parte do Plano de Integração Nacional (PIN), um programa de orientação geopolítica criado pelos militares pelo Decreto-Lei Nº 1.106 de Julho de 1970 (donde se originou o popular bordão: “Integrar para não entregar”). A premissa era que a rodovia auxiliasse a promover a colonização dos chamados “espaços vazios” - os vazios demográficos existentes em grande parte da chamada Amazônia Legal. Por conseqüência, sob o ponto de vista econômico, ao melhorar a infra-estrutura da região, a logística da produção e a extração de recursos minerais e vegetais também seriam beneficiadas com a imensa obra.  

Inicialmente o objetivo dos militares era que a BR-320 proporcionasse uma saída para o Oceano Pacífico através de Peru e Equador perfazendo um total de 8.000 Km, porém, após alterações em seu projeto original, o seu percurso ficou limitado entre Cabedelo na Paraíba, ao município de Benjamin Constant no Amazonas, fronteira nacional com o Peru. Efetivamente, a construção da rodovia foi interrompida no município de Lábrea, no Amazonas. Ainda assim, é a terceira maior rodovia do Brasil, atravessando sete estados e totalizando 4.223 quilômetros.    

Para parte da opinião pública nacional a construção da Transamazônica se mostrou na prática um retumbante fracasso devido às grandes proporções do projeto, que envolveu diretamente a questão ambiental em toda a sua complexidade, e, diga-se de passagem, sub-dimensionada à época. Inúmeras foram as dificuldades apresentadas em função das condições de trabalho em meio à densidade da floresta amazônica, tais como: acidentes de trabalho, doenças diversas (notadamente a Malária) e contatos com etnias indígenas isoladas, que acabaram se mostrando extremamente prejudiciais às mesmas.  

Em 27 de Setembro de 1972, o então Ministro dos Transportes Mário Andreazza, na solenidade de inauguração da primeira etapa da Transamazônica pelo General Médici, discursou, de maneira ufanista: “Sob o aplauso da Nação e perante a opinião pública mundial, entrega o presidente Médici à História, à economia e ao futuro do país o primeiro e grande segmento da rodovia Transamazônica”.

O Jornal de Hontem do mês de Setembro de 2017 faz referência, justamente, à entrega deste primeiro trecho da rodovia Transamazônica em 1972 pelos militares, o qual completou 45 anos. Em 26 de Setembro, estampa O Estado de Mato Grosso: “Médici inaugura a primeira etapa da Transamazônica”. No dia 27 de Setembro o jornal relata sobre a importância para a economia local do porto que estava sendo construído no Rio Tapajós em Santarém e comenta a interligação da região com o restante do país através da rodovia Cuiabá-Santarém. Por fim, no dia 28 de Setembro, o periódico descreve propriamente a inauguração da primeira etapa da rodovia, ligando Estreito no Maranhão, à Itaituba no Pará: “Médici inaugurou primeiro trecho da Transamazônica, com 1254 KMs”.

O que marcou indelevelmente a história do país é que a Rodovia Transamazônica, assim como outras grandes obras realizadas durante o regime militar como a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu e a Ponte Rio-Niterói, se insere, ao menos no imaginário popular, no rol das chamadas “obras faraônicas”. Gigantescas obras que demandaram muitos recursos financeiros e que, não obstante o seu caráter estratégico para o país, devido à falta de transparência política dos governantes da época, não foi possível mensurar com exatidão os custos reais de sua execução. 

  

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